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China Sob Xi Jinping: Autocracia e as Repercussões Econômicas

Em tempos recentes, a economia chinesa, sob o controle de Xi Jinping, tem experimentado mudanças significativas. Essas mudanças não só moldaram o curso econômico do país, mas também alteraram a relação entre o governo e o setor privado, levando a diversas consequências não previstas.

A China, nas últimas décadas, viu um crescimento econômico notável, impulsionado em grande parte pelo investimento governamental e por políticas voltadas para a infraestrutura e fabricação. Este modelo de crescimento estava centrado em um equilíbrio delicado entre investimento e consumo. Entretanto, após 2006, a necessidade de mudar para um modelo mais orientado ao consumo tornou-se aparente. Essa transição deveria ser acompanhada por reformas nas instituições financeiras, legais e políticas, para sustentar uma economia impulsionada pelo consumo. No entanto, tal mudança não ocorreu de maneira eficaz.

Por que, então, a China não conseguiu fazer essa transição? Uma das respostas está no fato de que os modelos de crescimento bem-sucedidos tendem a criar seus próprios conjuntos de instituições, e com isso, grupos de interesse que se beneficiam desproporcionalmente dessas estruturas. Com o passar do tempo, esses grupos, enriquecidos e poderosos, resistem às mudanças.

Em vez de ajustar seu modelo de crescimento, a China continuou priorizando o investimento em detrimento do consumo. O resultado? Bolhas de ativos, principalmente no setor imobiliário, e um aumento insustentável da dívida. Além disso, o setor privado, que deveria ser o motor da economia, tem enfrentado obstáculos devido à baixa demanda doméstica e a crescente interferência governamental.

Muitos argumentam que a intervenção governamental foi a força motriz por trás do crescimento chinês nas primeiras décadas de reforma. E, de fato, o governo chinês desempenhou um papel central ao impulsionar a economia. No entanto, o desafio atual é diferente: a interferência excessiva e, muitas vezes, arbitrária, está sufocando a iniciativa privada.

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Em um mundo ideal, as elites do setor privado, que tanto contribuíram para o crescimento chinês, teriam fortalecido ainda mais sua posição. Porém, sob a liderança de Xi Jinping, muitos desses empresários encontram-se em uma posição precária, com suas propriedades e direitos ameaçados.

A questão da saída, lealdade ou voz, conforme proposto por Albert Hirschman, ilustra o dilema atual dos cidadãos chineses. Com a voz reprimida e a lealdade posta à prova, muitos estão optando pela saída – seja acumulando poupança, reduzindo investimentos ou até mesmo transferindo ativos e famílias para o exterior.

Concluindo, enquanto a China enfrenta problemas estruturais, a virada autocrática de Xi Jinping exacerbou essas questões. A síndrome econômica atual, muitas vezes referida como “longa COVID” da economia, é resultado direto dessa abordagem autocrática. Reconhecer e abordar essa realidade é fundamental para o futuro econômico da China.

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Sandra Rossi

Editora na Gazeta do Valor, especializada em economia e negócios. Transforma temas complexos em artigos claros e envolventes. Ela é dedicada a investigar e relatar os acontecimentos que moldam o cenário econômico, mantendo um compromisso constante com a precisão e a integridade.

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