A icônica Livraria Saraiva, com um legado de quase um século na cena literária brasileira e que já ostentou cerca de 100 lojas em todo o Brasil, está fechando suas últimas lojas físicas. No dia 20 deste mês, a empresa despediu os funcionários das cinco lojas restantes e anunciou que, a partir do dia 25, sua operação será exclusivamente online.
Das lojas que agora encerram atividades, quatro estavam estrategicamente localizadas em São Paulo – destacando-se a histórica unidade da Praça da Sé, que remonta à década de 1970. A quinta loja estava localizada em Campo Grande, MS.
O fechamento dessas unidades não é exatamente uma surpresa. Já em 2018, a empresa havia começado a diminuir sua pegada física, uma movimentação seguida rapidamente por um pedido de recuperação judicial, após acumular uma dívida de R$ 674 milhões.
Nos anos que se seguiram, a Saraiva buscou reinventar-se no cenário digital, face a uma conjuntura varejista que evoluía rapidamente. Essa transição foi pontuada por momentos de dificuldade. A renúncia recente do Sr. Marcos Guedes Pereira, membro do Conselho de Administração, foi uma dessas manifestações.
Em um contexto mais amplo, a Saraiva enfrenta um turbilhão de desafios, refletidos na Assembleia Geral Especial de Preferencialistas que ocorre hoje. Entre os pontos de pauta, está a discussão sobre a conversão de ações preferenciais em ordinárias. Isso poderia alterar o controle da empresa, que está atualmente sob o domínio da família Saraiva. A renúncia de outros membros do conselho também está em discussão, após alegações de incoerências na documentação assinada pelo presidente.
Os desafios são corroborados pelos recentes números da empresa. No segundo trimestre deste ano, a Saraiva relatou prejuízo líquido ajustado de R$ 16,2 milhões, embora essa cifra represente uma melhoria de 26% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida, por sua vez, teve uma queda significativa de 60,8%.
Essas transformações marcam não apenas a trajetória da Saraiva, mas também refletem as mudanças no comportamento de consumo e na dinâmica do mercado brasileiro.