Nos últimos anos, grandes empresas alimentícias e de restaurantes anunciaram ambiciosas metas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Promessas de serem “carbono zero” ou reduzirem suas emissões em uma proporção significativa foram feitas, mas parece que algumas delas estão enfrentando dificuldades no caminho para atingir esses objetivos.
Um exemplo notável é o gigante fast-food McDonald’s. Há cinco anos, a empresa anunciou planos para reduzir suas emissões em mais de um terço em parte de suas operações até 2030, com o objetivo de ser “carbono zero” até 2050. No entanto, seu relatório mais recente revelou que, em 2021, suas emissões estavam 12% acima da linha de base de 2015. Uma situação que desafia suas promessas anteriores.
E o McDonald’s não está sozinho nessa jornada. Uma análise de relatórios relacionados ao clima e divulgações de 20 das maiores empresas de alimentos e restaurantes do mundo mostra que mais da metade delas não avançou em direção às suas metas de redução de emissões ou relatou aumentos nas emissões.
O problema central reside nas cadeias de suprimentos dessas empresas. Muitas vezes, mais de 90% das emissões são provenientes dessas cadeias, que incluem desde a criação de gado até a produção de grãos para cereais e outros alimentos.
Apesar de esforços para reduzir o uso de plástico na embalagem e economizar água, muitas empresas do setor de alimentos e bebidas lutam para conciliar seu crescimento robusto com suas metas climáticas. As mudanças nos padrões de consumo durante a pandemia e interrupções nas cadeias de suprimentos devido a eventos como a guerra na Ucrânia e condições climáticas extremas tornaram esse equilíbrio ainda mais desafiador.
Empresas como a PepsiCo, que estabeleceu metas de redução de emissões em 2015, viram um aumento de 7% nas emissões de suas cadeias de suprimentos em relação à linha de base. Enquanto isso, a Chipotle, que almeja reduzir pela metade suas emissões até 2030, relatou um aumento de 26% nas emissões de sua cadeia de suprimentos em seu relatório de 2022.
Barry Parkin, diretor de compras e sustentabilidade da gigante Mars, uma das poucas empresas que relatou uma redução nas emissões, destaca a importância de agir com desempenho real em vez de apenas promessas. Ele afirma: “Tivemos cinco anos de empresas fazendo promessas e sendo celebradas pela qualidade de suas promessas, e não pelo seu desempenho.”
O sistema global de alimentos, responsável por um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, está sob pressão de consumidores e investidores para criar planos concretos de redução de emissões. Esta semana, líderes de governos, empresas, grupos de defesa do clima e ativistas se reúnem em Nova York para discutir, debater e protestar sobre questões climáticas.
Muitas empresas do setor de alimentos têm contratado grupos externos, como a iniciativa Science Based Targets, para estabelecer e aprovar metas de médio e longo prazo para reduzir as emissões. Muitas delas afirmam em seus sites e comunicados à imprensa que pretendem ser “carbono zero” em suas emissões até 2050.
No entanto, se as empresas não desenvolverem estratégias para integrar o crescimento e a inovação em seus planos de transição climática, isso aumentará sua exposição aos riscos climáticos e o risco de não atingir suas metas.
A Starbucks, por exemplo, relatou um aumento de 12% em suas emissões totais em relação aos níveis de 2019. No entanto, durante esse período, suas receitas aumentaram 23%, enquanto adicionaram mais de 5.000 novas lojas.
Em resumo, as empresas de alimentos enfrentam um desafio importante ao tentar equilibrar o crescimento de seus negócios com a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A pressão dos consumidores e investidores está forçando essas empresas a reavaliarem suas estratégias e ações para lidar com a crescente crise climática. Resta saber como essas empresas responderão a essa pressão e se conseguirão cumprir suas promessas ambientais.
Este é um tópico crucial no cenário financeiro e de negócios, pois as empresas alimentícias enfrentam desafios significativos em suas cadeias de suprimentos e operações diárias enquanto buscam metas climáticas ambiciosas.